Nas últimas décadas, o planejamento familiar passou a ser uma prática para grande parte dos casais. No entanto, nem sempre a vida segue como o planejado e uma gestação pode ocorrer e requer cuidados para a mãe e o bebê. Ainda menos esperada, a gravidez ectópica leva a uma necessidade maior de atenção e tomada de decisões.
Neste artigo, vamos falar sobre essa ocorrência que pode trazer riscos se não conduzida da forma adequada. Aqui, esclarecemos suas dúvidas sobre as causas, os sintomas e a importância de contar com um especialista diante desse diagnóstico. Acompanhe com a gente.
O que é gravidez ectópica?
A gravidez é denominada de ectópica quando, depois de fecundado, o óvulo se instala fora do ambiente uterino. Assim, o embrião começa a se desenvolver em outros pontos do sistema reprodutor, como na trompa de Falópio, no ovário, colo do útero e abdômen.
Apesar de pouco comum — apenas 2% das gestações são ectópicas —, o desfecho dessa ocorrência não é positivo. Isso porque, sem o fornecimento de sangue e nutrientes necessários, o feto não é capaz de sobreviver. Em geral, a bolsa gestacional costuma se romper antes da 16ª semana da gravidez ectópica.
Além disso, a condição também traz riscos à saúde da mãe. As estatísticas mostram que cerca de 9% das mortes relacionadas a complicações gestacionais estão ligadas à gestação extrauterina.
Por que a gravidez ectópica ocorre?
Como apontamos há pouco, a gravidez ectópica é caracterizada pela instalação do óvulo fecundado em uma região fora do útero. Isso geralmente ocorre por um estreitamento das trompas ou pela lentidão na locomoção do óvulo, que começa a se desenvolver antes de chegar ao ponto adequado.
No entanto, existem condições pré-existentes que podem aumentar o risco de ocorrência de uma gestação tubária (que é a forma mais comum de gravidez ectópica). Esses fatores podem estar ligados a:
- gestação ectópica prévia;
- doença inflamatória pélvica;
- infecções genitais;
- múltiplos parceiros sexuais;
- uso de DIU (dispositivo intrauterino anticoncepcional);
- cirurgia tubária prévia, como a laqueadura;
- procedimentos relacionados à reprodução assistida;
- uso de contraceptivos de emergência (pílula do dia seguinte) e
- tabagismo.
O DIU está entre os métodos anticoncepcionais mais seguros. Ou seja, a gestação tem menos probabilidade de ocorrer quando a mulher usa esse dispositivo. No entanto, se a gravidez ocorre, em mais de 50% dos casos ela é ectópica.
Quais os sinais da gravidez ectópica?
A gravidez extrauterina pode se apresentar de forma muito variável e ser assintomática. No entanto, a maioria das mulheres apresenta sangramento vaginal ou manchas de sangue, cólicas ou dores na parte inferior do abdômen, ou ambos. A menstruação pode ou não estar atrasada ou ausente.
Leia também: É normal ficar um mês sem menstruar?
Como a gravidez ectópica é identificada?
Existem dois principais procedimentos diagnósticos. O primeiro é o exame de gravidez, que será responsável por confirmar a gestação. Como dissemos há pouco, em geral, o médico suspeita que seja ectópica quando a mulher, em idade fértil, apresenta dor abdominal inferior ou sangramento vaginal, desmaia ou entra em choque.
Além deste exame, a ultrassonografia transvaginal é utilizada para verificar as condições do embrião — e determinar se ele se instalou corretamente no útero. Quando a combinação destes dois procedimentos não é conclusiva, pode-se recorrer ao exame Beta hCG, que mede um hormônio produzido pela placenta no início da gravidez, a gonadotrofina coriônica humana.
Em casos muito específicos, pode haver ainda uma outra forma de diagnóstico: a amostragem endometrial, feita pela coleta manual e não invasiva de células epiteliais do endométrio. Este procedimento é particularmente eficaz para determinar a localização precisa do feto e, assim, diagnosticar a gravidez ectópica a tempo de evitar possíveis complicações à gestante.
Quais os riscos que a gravidez ectópica pode trazer?
Acabamos de falar sobre a importância de evitar complicações à saúde da mãe em casos de gravidez ectópica. Isso porque esse tipo de gestação está cercada de riscos, além da iminente morte do feto.
De maneira geral, o maior risco à mulher está ligado à hemorragia, que ocorre pelo rompimento dos vasos sanguíneos no local onde o feto está instalado. Neste caso, a gestante pode desenvolver anemia profunda, diminuição da pressão arterial e aumento da frequência cardíaca. Se não tratada, a condição pode ser fatal.
Como é feito o tratamento?
Depois de diagnosticada, não há alternativa senão a interrupção da gravidez ectópica. Sendo assim, o acompanhamento de um médico especializado é fundamental para determinar a conduta mais adequada de tratamento.
A cirurgia é, em geral, o procedimento padrão para estes casos. A remoção do feto e da placenta é feita, normalmente, por videolaparoscopia. No entanto, há casos em que é preciso realizar a cirurgia aberta, convencional. Durante o procedimento, pode ser removida, ainda, a parte da trompa que foi afetada. Essa abordagem pode reduzir a probabilidade de problemas de fertilidade no futuro.
No caso de uma gravidez ectópica em que não houve ruptura, uma outra conduta pode ser aplicada no tratamento: a paciente recebe uma ou mais doses de um medicamento, para provocar a diminuição e o desaparecimento da gravidez ectópica.
Aqui, mais uma vez, a presença constante do médico se mostra fundamental. O ginecologista ou obstetra fará exames de sangue semanais para medir a concentração de hCG e, assim, determinar se o tratamento foi bem-sucedido.
Se você está apresentando alguns dos sinais que mostramos ao longo deste artigo — e, sobretudo, se possui algum fator de risco — é importante procurar um especialista o mais brevemente possível.
Se ficou com alguma dúvida sobre esse tema, não hesite em fazer contato com a nossa equipe. E, para estar sempre atualizada com a sua saúde, siga-nos no Instagram ou no Facebook. Esperamos por você!